segunda-feira, 25 de maio de 2015

Crianças querem se divertir!



Porquê muitas vezes as crianças não se interessam por conteúdos que são bons para elas, que educam, que ensinam princípios, que ajudam a cuidar da saúde, que levam elas a criar um relacionamento com Deus?
Às vezes precisamos de frases óbvias para perceber o óbvio:
"Crianças querem se divertir".

Em mais de 10 anos produzindo games, já observei várias iniciativas que tentaram criar "jogos educativos", e quase todas falharam. Porquê? em sua grande maioria, eram jogos chatos.

Embora eu esteja falando de jogos num primeiro momento, pense em algo maior que isso!

Adultos querem educar crianças, e crianças querem se divertir. Se um adulto coloca um jogo chato para uma criança jogar, quase que instantaneamente a criança para de jogar. Porquê? A resposta parece óbvia, mas é isso: aquele jogo é chato.

It's a trap!

Muitas vezes o jogo pode até possuir elementos divertidos, mas se ele tem aquela "cara de jogo educativo", a criança também para de jogar. Porquê? porque se ela percebe que foi enganada, e que aquele jogo tem um propósito único de transmitir um conhecimento. Aquilo é igual à escola, em outras palavras, é um trabalho disfarçado! A criança se sente traída!

Já aproveito para deixar claro que meu ponto de vista não é de que tudo tem que ser divertido para que a criança consuma, pois existem momentos na vida que não são divertidos e mesmo assim temos que encará-los, e a criança tem que estar preparada para isso. Já volto a esse assunto daqui a pouco! Vamos focar no entretenimento por enquanto.

Quando lidamos com entretenimento, procuramos chamar a atenção e trabalhar dentro de alguns limites já estabelecidos na sociedade. Como afirma Rodrigo Carvalho, um dos criadores da série NutriVentures (série que busca ensinar alimentação saudável para as crianças, e que pessoalmente gostei muito da proposta), hoje as crianças estão acostumadas com 3 Is: Interessante, Interativo e Instantâneo.
Como o entretenimento pode abrir portas para a educação?

Sobre estes 3 Is que Rodrigo fala:

1 i) INTERESSANTE: O conteúdo tem que ser interessante, e ao invés de ensinar regras, devemos contar histórias que contenham estas regras. O exemplo que Rodrigo dá é o da gravidade: quantos sabem de cabeça a fórmula que descreve a aceleração da gravidade? E quantos lembram da história da maçã caindo na cabeça do Newton? Nem sabemos se essa história é verdadeira, mas nosso cérebro reservou um espaço para guardar uma história peculiar, pois ela tem um toque divertido da maçã acertando a cabeça de alguém.
2 i) INTERATIVO: Hoje as crianças querem interagir com o conteúdo, mover os personagens, mudar as cores, aumentar, diminuir, fazer parte daquele mundo. Meu filho mais novo não entende que a televisão não é interativa, e vira e meche tenho que tirá-lo de cima do rack pois ele está tentando tocar na televisão para mudar o conteúdo, como se fosse o iPad, ou um celular. É muito comum vermos crianças que ficam mais à vontade no mundo virtual do que no mundo real.
3 i) INSTANTÂNEO: é aquela história de "eu quero isso e quero agora!". A geração atual está acostumada com ter tudo disponível instantaneamente, e muitos pais são culpados por reforçar esta sensação, ensinando soberania para as crianças, ao invés de autonomia. (Mais sobre isso neste vídeo de Mário Sérgio Cortella)

Soberania infantil ou autonomia?

Se esta geração quer tudo agora, já, ao mesmo tempo e junto, nós temos que ensiná-los a ter paciência, persistência e resistência. Estaremos deseducando nossos filhos senão formos firmes. A família precisa ter autoridade sobre as crianças e não o contrário.
As crianças é que mandam em casa?

Espero que tenha ficado claro que a minha recomendação não é de dar tudo que as crianças querem. Mas em se tratando de entretenimento, se conseguirmos um conteúdo Interessante, Interativo e Imediato, conseguimos engajar a geração atual com a temática que trabalharmos.

Sei que parece um pouco maquiavélica a pergunta, mas sei que alguns estão se perguntando, e aí vai: então como eu faço para uma criança "morder a isca" e consumir um conteúdo educativo?

Se você pensou nisso, está fazendo a pergunta errada. Não adianta mascarar um produto como algo que ele não é. As crianças são mais espertas do que imaginamos.

Novamente citando o Rodrigo Carvalho, no vídeo acima:
"O entretenimento tem o objetivo de entreter. Ele pode até criar uma porta para a educação, mas a educação tem que ser feita depois."

Se você quer que uma criança jogue um jogo, faça em primeiro lugar um jogo divertido. Se isso funcionar, aí então você pode inserir pitadas educativas nele de forma natural.

Mas como funciona isso do conteúdo educativo surgir de forma natural?

A VERDADEIRA FORMA DE APRENDER...

Você sabia que aprendemos muito mais pensando, fuçando, e procurando respostas do que simplesmente recebendo a informação pronta?

Se você tirar uma conclusão, esta ideia fica muito mais fixa na sua mente do que se alguém te ensinar aquela mesma conclusão.

Em outras palavras, precisamos construir o conhecimento para aprender de verdade.

"Jônatas, e como os jogos podem ser usados para ensinar?" Ainda bem que você perguntou isso, caro leitor! Vamos ver como isso funciona!

O método científico

Nos jogos o jogador está o tempo todo colocando em prática o que chamamos de "método científico":
1) estou diante de uma situação nova que desconheço o funcionamento/solução de um problema.
2) penso em uma forma de resolver aquele problema
3) tento aplicar a solução que bolei na minha cabeça para ver se resolve o problema.
4) dependendo do resultado assumo aquela solução como um acerto ou um erro, e neste último caso, volto à etapa 2 para tentar achar uma outra solução.

Obviamente, se eu quisesse complicar, quando tratamos de "método científico", eu poderia usar termos como "hipótese", "teoria", etc.

Mas o que isso significa? Que se a experiência for estruturada com as perguntas corretas, para que a pessoa busque encontrar as respostas corretas, provavelmente, a pessoa vai chegar à conclusão que você deseja, de forma natural, sem precisar aparecer um texto na tela dizendo o que o jogador precisa aprender.

E se não for um jogo?

Acredito que os princípios e valores devam surgir de forma natural em cada mídia.

Então se é uma música, em primeiro lugar, deve ser bem feita, bem executada, e produzir emoções. Se é uma música divertida, deve fazer dar risada, se é uma música reflexiva, deve fazer pensar no que é dito, com perguntas e desafios ao ouvinte. Com o envolvimento emocional do ouvinte, aí sim os princípios e valores presentes na letra se fazem mais fortes. Uma música boa é ouvida várias vezes, repetida, cantada junto. Em algum momento essa letra vai ecoar na mente de quem ouve.

E um vídeo? tem alguma diferença? Sim e não. Não tem diferença no sentido de que os princípios e valores devem estar presentes como uma camada extra de significado. Entretanto, uma grande diferença das mídias visuais para outras como a música é de que podemos trabalhar com diversos elementos na cena para produzir sentido. Se queremos que uma cena passe uma sensação feliz, teremos mais luz, mais cores, enquanto que uma cena mais triste teremos cores mais dessaturadas, mais tons de cinza. Podemos criar significado através do design, do formato da cabeça de um personagem, do figurino, objetos no cenário, etc. O cinema tem vários exemplos de como o design pode ser usado para auxiliar e potencializar na condução de uma mensagem, sem cair no óbvio e fazer um filme virar um vídeo educativo. Se você se interessar por este assunto, leia sobre a profissão do Production Designer, termo cunhado por William Cameron Menzies por sua obra no filme "E... O vento levou".

Mãos à obra?

Se você quer fazer um conteúdo realmente interessante para crianças, que transmita conceitos e valores, em primeiro lugar faça algo divertido. Os princípios e valores vêm em outra camada, misturada à diversão, quase que em segundo plano. Assim, o entretenimento cria a oportunidade para a educação. Tenho certeza que os resultados serão muito mais efetivos se esse conteúdo for divertido em primeiro lugar. Afinal, crianças querem se divertir.
Jônatas Kerr de Oliveira Desenvolvedor

Funny Sheep é uma empresa de conteúdo da área de entretenimento, focada em Conteúdo Cristão de Qualidade!

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